Interpretações Sócio-históricas


Interpretações Sócio-históricas

Jamais ficaríamos longe da verdade se aceitarmos como atitude comum do artista simbolista, a atitude assumida por Mallamé, o qual adotou o isolamento. Ele opinava que não tem lugar oficial para poetas e que eles não devem se preocupar com a sociedade.
Os nossos simbolistas seguiram o exemplo de Mallamé de modo fiel, e decidiram viver em locais solitários, longe dos grandes centros. Também se separaram das atividades político-ideologicas das suas produções artísticas.
Os realistas e os naturalistas foram contemporâneos dos simbolistas, a diferença poética ou recusa ao empenho social levantou questões diversas e muitas interpretações daqueles que tem um ponto de vista histórico-social, e que queriam negar o simbolismo. Alfredo Bosi levanta a seguinte questão: “o movimento teria nascido aqui por motivos internos, ou foi a obra de imitação direta de modelos franceses?” E para responder ele mesmo argumenta  que os naturalistas e parnasianos entendem-se bem como expressão, mais ou menos radical, da sociedade que se apresentava nos fins do II império.
Querendo pôr em a representatividade e a radicalidade de expressão dos parnasianos e naturalistas devemos pensar no caráter dos esquemas naturalistas que em outras partes eram representativos da cultura européia. Ao tirar conclusões Bosi alinha fatos e diz que o roteiro intelectual dos simbolistas corre em paralelo com o dos parnasianos por que ambos se opuseram inicialmente ao escravismo como também a monarquia, outra parte de sua conclusão diz que foi apenas um grau de diferença entre o parnasiano e o simbolista brasileiro por que ele os identifica com a tendência formalizante.
Quanto à primeira parte de sua conclusão, ela não corresponde à verdade histórica. Conhecendo a vida dos principais simbolistas brasileiros, veremos que continuaram politicamente ativos e quase positivistas convictos. E a outra parte da teoria citada, a diferença entre os nossos parnasianos e simbolistas não foi somente de grau, mas de natureza.
Considerando aceitável a diferença de grau, como se justificaria que os parnasianos fossem mais representativos de seu tempo que os do simbolista? Eis a resposta: os naturalistas e os parnasianos foram mais representativos do tecido dos acontecimentos e da sociedade perceptível pela consciência letrada.
A homologia estrutural deve levar em conta um conflito ideológico no interior do mesmo grupo que pregou e defendeu o abolicionismo, a república e as idéias progressistas e positivistas. Essa hipótese incorpora a complexidade histórica da nossa primeira Republica, instaurada por uma classe de ressentimento militarista e monárquica, firmada a duras penas no meio de instabilidade social e de idéias, e sendo organizadas com base na mesma estrutura de poder dominante que sustenta a monarquia: a oligarquia conservadora.