quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ESCRAVOCRATAS



 
Oh! trânsfugas do bem que sob o manto régio
manhosos, agachados ― bem como um crocodilo,
viveis sensualmente à luz dum privilégio
na pose bestial dum cágado tranqüilo.

Eu rio-me de vós e cravo-vos as setas
ardentes do olhar ― formando uma vergasta
dos raios mil do sol, das iras dos poetas,
e vibro-vos à espinha ― enquanto o grande basta

O basta gigantesco, imenso extraordinário ―
da branca consciência ― o rútilo sacrário
no tímpano do ouvido ― audaz me não soar.
Eu quero em rude verso altivo adamastórico,
vermelho, colossal, d'estrépito, gongórico,
castrar-vos como um touro — ouvindo-vos urrar!

(Cruz e Sousa, Poesia completa, p. 163)

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