quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

SONETO XIX



Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão: - “Ai! nada somos,
Pois ela se morreu, silente e fria...”
E pondo nela os olhos como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: “Por que não vieram juntos?”


(In Cantos de amor, salmos de prece. Rio de Janeiro, J. Aguilar; Brasília, INL, 1972, p. 150.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário